Caminhe a meu lado

Existem amores e amores. Há os saudáveis e libertadores mas a grande maioria se pauta, infelizmente, pela co-dependência, onde os cônjuges têm dificuldades de aceitar suas "diferenças", se unindo na ilusão de que "um completa o outro".
Nestes casos, quando não assumimos a responsabilidade por nossa vida e nossas escolhas, encontramos alguém no caminho e delegamos a essa pessoa o "nosso projeto"... e o que acontece quando esse alguém aceita encarar essa empreitada? Vai abandonar o seu próprio projeto para realizar "com amor" o projeto de vida do parceiro. E depois vem a conta.
Mas esses processos têm cura, como explica a terapeuta Claudia Godoy, que fala sobre amor-próprio e sobre como voltar para o Mundo, ter energia por si e fazer a diferença. Ou seja: não ande à minha frente nem me siga. Caminhe a meu lado.


O que torna um relacionamento inteiro, consistente, e o que faz com que ele desmorone, mesmo às vezes existindo amor?
A existência ou a falta de Amor........ Próprio!
Auto-estima comprometida.
Perca de valores.
Dar poder ao outro. Poder de "me" realizar, de "me" fazer feliz, de "me" sustentar, de "me" amar.
E vai poder na mão do outro... ou vem poder do outro na nossa mão, sob nossa responsabilidade.
Isso não dá a impressão de uma batata quente?
Vai chegar o momento, na melhor das hipóteses, em que cada um vai ter que cuidar da sua "batata" e nem sempre essa troca, essa devolução e recuperação das responsabilidades, essa retomada de poder, esse resgate da auto-estima, essa volta ao próprio eixo, são feitos de forma consciente.
Na maioria das vezes a troca de papéis e a dependência da energia do outro estão enraizados de tal maneira que somente uma ruptura é capaz de curar isso. E aí entra a dura realidade, se não for pelo amor, será pela dor...
Nenhum Amor resiste à falta de amor-próprio.
Esse Amor a que me refiro, esse Amor compartilhado, não se limita apenas a relacionamentos de amantes, mas a toda e qualquer forma de relacionamento em nossas vidas, sejam profissionais, familiares, de amizades, enfim...

Quando não assumimos nossa força, a responsabilidade pela nossa vida, nossas escolhas, nossos prazeres, nossos quereres, nossos sonhos... encontramos alguém em nosso caminho e delegamos a essa pessoa o "nosso projeto"... e o que acontece quando esse alguém aceita encarar essa empreitada? Vai abandonar o seu próprio "projeto" para realizar "com amor" o projeto de vida do parceiro.

Aliás, a propósito, o que vemos com esmagadora freqüência, pela cultura de um patriarcado tão acentuado e prolongado, é a mulher abrindo mão de seu projeto em função do homem - desse ponto, poderia partir para uma quase que inesgotável temática...
O que isso pode gerar?
Qual a sensação que essa imagem traz?
Abuso, frustração, perda de energia, desrespeito... perda de tesão... no parceiro(a), na VIDA!
Mas o que é amor-próprio?
O nome já diz, mas muitas pessoas se acham capazes de amar o outro em detrimento de si, como se isso fosse possível. Uma hora vai chegar a carta de cobrança, com tudo listado, item por item, com muita amargura, muita raiva, muita mágoa... é inevitável.
Na dependência e co-dependência, o que vemos são pessoas com dificuldades de aceitar suas "diferenças", se unindo na ilusão de que "um completa o outro". É como duas pessoas, cada uma com uma perna só, apoiando-se na outra e tentando caminhar... por mais que pareçam estar se apoiando mutuamente, na verdade cada um está na esperança que o outro o carregue.
Cada um tem o seu ritmo, cada um vai dar seu passo no momento que lhe for mais conveniente. É muito cansativo, muito desgastante.

"Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar.
Não ande na minha frente, talvez eu não queira seguí-lo.
Ande ao meu lado, para podermos caminhar juntos."
Provérbio Ute

A cura é se apoiar em si próprio, enfrentar suas dificuldades e limitações, resgatar o poder de ser quem é , a responsabilidade pelos sonhos, resgatar esses sonhos que ficaram lá atrás, esquecidos, enfrentar a realidade que criamos, sem culpa, sem drama, sem deixar que a vítima se faça presente.
A cura é brilhar, se tornar uma estrela com brilho próprio, despertar a própria luz.
A cura é encontrarmos, com o apoio dessa luz, aquilo que foi para as "sombras", o que foi rejeitado, negado, nossos medos, nossas ilusões.
A cura é entrar naquele lugar escuro, onde guardamos ou - será? - esquecemos, tudo o que não serve mais, fazer uma faxina na nossa mente e coração, deixar ir velhos conceitos, velhas crenças... remexer o baú, recuperar jóias esquecidas, mas também saber que irá encontrar poeira, teias, cheiros desagradáveis ...
A cura é pedir ajuda...
A cura é voltar ao seu próprio centro, a sua realização, à criação.
Voltar para o Mundo, estar presente, ter energia própria, fazer a diferença.
Criar... criar ...criar...
Para quem conhece o caminho do tarot, essa é a seqüência de cartas que vai da torre - a descida, a quebra, a derrocada, a força capaz de gerar mudanças - até a reconquista do mundo, o resgate da inocência.
Isso é Poder.
Isso é amor-próprio.

Claudia Godoy
Terapeuta - CRT 32.468
Florais Brasileiros, Aura-Soma, Reiki
http://acordando-tambor.blogspot.com
cmgodoy@uol.com.br
VILA MARIANA/SP

Foto: www.sxc.hu

5 comentários:

  1. Sinto como se este caminho me conduzisse a cura de mim mesma. agradeço a contribuição
    lucida do teu texto, ajuda a organizar o meu interno. Tornando-o mais consciente.

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  2. Olá Claudia,

    Fica claro que é impossível viver a vida "do outro". O que se consegue é viver a vida com o outro.
    Legal te reencontrar, agora neste espaço.
    Beijão.
    Cosmo

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  3. Olá Claudia,

    Fica claro que é impossível viver a vida do "outro". O que podemos conseguir é viver a nossa vida com o outro.
    Legal te reencontrar, agora neste espaço.
    Beijão!
    Cosmo

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  4. Cacau,
    Que lindo e tão motivante o seu texto!
    Parabéns e obrigada pela ajuda!
    Beijos
    Céli

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  5. Gente, olhem que blog bacana a Claudia tem, visitem lá.
    http://acordando-tambor.blogspot.com

    E tem agora tb comunidade no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=78215309

    Ricardo/Editor

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