Encontro sagrado: destino mais raro e magnífico

Vivemos por aí bebendo da auto-ilusão de termos controle sobre tudo e todos... Triste cultura que não nos ensina a buscar o Sagrado nos relacionamentos e seu profundo mistério...
O encontro sagrado não acontece na procura do outro, mas sincronizado pela Luz criadora quando somos dele merecedores e, então, se dá de uma forma natural. É o destino mais raro e seguramente o mais magnífico que Eros criou para os seres humanos: consiste em que o outro permaneça como seu intermediário humano, uma imagem translúcida daquilo que trazemos em nossa essência.
Estudiosa da Mitologia e do Simbolismo Feminino, Zoia Petrow nos fala do divino que é ser com o outro, elemento protetor que nunca nos deixará perder o nosso ser diante do que quer que seja, inclusive do ser frente ao outro.


Nas últimas duas décadas, a questão da fidelidade é pauta das conversas e discussões em nossos relacionamentos, sendo sua base centrada na confiança que temos no outro, e principalmente quando desenvolvemos a consciência de estarmos num encontro sagrado, Uno. Na maioria dos relacionamentos, esta consciência não existe. Movidos pelo desejo do ego, passamos a exigir do outro fidelidade, quando deveríamos ser educados para uma relação rica e abundante movida pela vontade. Se tivéssemos consciência para a realização do encontro sagrado, a fidelidade não existiria nem mesmo no dicionário.
Ao retomarmos a história da humanidade, podemos constatar o quanto nos influenciou o comportamento de nossos antepassados. Nossa educação centrada no poder, no domínio e no querer somente para si, gerou o caos no qual estamos inseridos atualmente. Vivemos um dos momentos mais interessantes da humanidade e temos a oportunidade de transformar toda a nossa história herdada, e para esta realização ser efetivada o encontro sagrado é a essência de um mundo melhor.
Precisamos, urgente, nos conscientizar que fomos manipulados por milênios e com isto adquirimos maus hábitos em nossas vidas para o detrimento das relações humanas. Mas, como tudo é perfeito no todo indivisível, oportunidades nos são oferecidas para retirarmos todos os nossos medos, e a principal chave é o Amor. Somente com ele manifestado e alimentado no encontro com outro em plenitude e liberdade, transmutaremos os valores impostos, abrindo a porta para a harmonia entre os gêneros.
Esquecemos que, para a manifestação da beleza una da Luz Criadora, foi necessário o encontro das duas polaridades. Nesse esquecimento, passamos a acreditar que poderíamos como único gênero dominante reproduzir artificialmente esta luz. Criamos a separação entre os gêneros, onde quem domina é que dita as regras e, caso o dominado não corresponda, partimos à procura de um outro que corresponda às necessidades do desejo. Pois bem, vale um dito popular: quem procura, acha... sarna para se coçar.

Todo início de um relacionamento é novidade, apresentamos as nossas mais nobres qualidades e assumimos fidelidade ao parceiro. No decorrer, passamos a enfrentar o estranho espelho de toda herança recebida e começamos a nos ver com todas as neuroses, mesquinharias, fraquezas e imposturas, imputando ao outro culpas por a relação não estar mais fluindo, quando na realidade somos nós que não queremos nos ver no outro. E, assim, sem o merecido aprofundamento de nós mesmos, perdemos a visão do encontro sagrado que nos foi divinamente sincronizado, para transmutar toda a herança de negatividade.

O que nos impede de termos uma relação de fidelidade que nos trará as respostas para efetivar este encontro sagrado? O poder, a posse, o domínio no qual fomos inseridos pelos sistemas que regeram e regem a humanidade por milênios geraram o nosso medo, e passamos a esconder todas nossas fraquezas e ignorância. Por medo dessas máscaras, passamos a querer para si o outro, de estar no controle, de poder sobre o outro, nos transformamos em adversários, e constatamos hoje que não é mais possível caminharmos desta forma nos desrespeitando como seres complementares. Está chegada a hora de sermos honestos conosco em primeiro lugar e admitirmos que falhamos no caminho para o encontro sagrado. O perdão é a chave, nos perdoando e juntos caminharmos na transmutação das nossas culpas.

Onde estamos recusando a ceder controle? - Onde temos que nos entregar? Ao entregarmo-nos na sincronicidade divina, se faz necessário o mergulho no encontro sagrado com o outro para revelarmos a essência de Luz e Amor. Amar incondicionalmente é o sentimento para o qual temos que nos entregar se quisermos realmente ser seres íntegros para obtermos uma relação saúdavel e rica em transformações humanas. Porém, manipulamos a palavra e passamos a utilizá-la como sendo um sentimento que temos por pessoas desvinculadas sexualmente de nós; é o amor de mãe, pai, irmãos, filhos, amigos e de pessoas em prol de serviços humanitários, quando na realidade a base fundamental da sociedade é o casal, uno, e ele que deve alimentar o verdadeiro amor incondicional a partir de sua relação una, onde cada qual cresce e evolui individualmente, alimentando um ao outro para eliminação deste medo.
Onde estamos recusando a ceder controle para a força da Luz Criadora do encontro sagrado? Por medo, recusamos assumir a nossa responsabilidade como partes fragmentadas do divino, cedendo a ele não vivenciamos a experiência do encontro sagrado. Na união consciente com o outro, nos transformamos em assistentes da Luz criadora, influenciando e estimulando numa escala além de nós mesmos.
Onde ainda estamos sob a ilusão de que estamos no controle? O sistema vigente nos ofereceu uma infinidade de opções materiais, passamos a valorizar as máscaras adquiridas em nossa trajetória. E, a cada máscara, acrescentamos mais caos em nossas relações amorosas, nos iludindo que o problema está única e exclusivamente na máscara do outro, quando na realidade ela é partilhada, e por ambos deveria ser retirada. Necessitamos de coragem para realizarmos o parto, trazendo à luz o Ser Divino.
Como que estamos bloqueando a nós mesmos a cumprir o nosso próprio destino? O medo nos bloqueia em realizarmos o grande parto, dele ressurgirá a nossa essência luz e gerará o Ser Divino. Este parto nos provocará muita dor, são dogmas, conceitos, preconceitos, convicções que devem ser transmutadas, mas ele terá que ser realizado, e devemos resgatar a nossa vontade primordial em expressar o nosso ser com o outro para tornar o Ser Divino uma realidade em benefício, inclusive, de toda a humanidade.
Como sabemos que estamos num encontro sagrado e ressurgir dele no Ser Divino? O encontro sagrado ocorre não na procura do outro, ele é sincronizado pela Luz criadora quando dele merecedores, ele se dá de uma forma natural. O mito de Eros é a ferramenta com a qual nos descobrimos num encontro sagrado. É o destino mais raro e seguramente o mais magnífico que Eros criou para os seres humanos: consiste em que o outro permaneça como um intermediário humano, uma imagem translúcida daquilo que trazemos em nossa essência. Ser com o outro significa como o quase único que vence as mais profundas contradições da vida: estar ali onde, para ambos, está o Divino e compartilhar a fim de aprofundá-lo a tal ponto que passamos a conceber-nos no outro, consagrando assim o engendrar humano. O ser com o outro é o protetor que nunca nos deixará perder o nosso ser diante do que quer que seja, protetor inclusive do ser frente ao outro.

Zoia Petrow
Cursou Relações Internacionais, Marketing Empresarial e Cultural, Artista Plástica, estudiosa das Terapias Alternativas, Ciências e Artes Orientais, Filosofia, Mitologia e do Simbolismo Feminino
http://artmusebyzoia.blogspot.com
http://terraagora.blogspot.com
petrowzoia@gmail.com
SÃO PAULO/SP

5 comentários:

  1. Querida Zóia!!
    E pensar que essa sincronicidade divina está disponível para todos nós, basta tb o equilíbrio das nossas emoções, mudança do padrão de pensamento, vontade, ...para que ela se manifeste, mas acabamos usando tudo erroneamente! Hora de virar o jogo, hora de ousar, de viver a vida de uma forma mais plena.
    um bj, Val

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  2. Zoía querida!!!
    Perfeito...
    Me adicionou muito como sempre, aprendo muito em teus blogs...
    Vc é linda
    Bjos.
    Namastê
    Lidia

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  3. O início é de simples entendimento. A segunda parte; conceitual por um lado, abre campo à meditação e a variadas discussões, por outro lado ele é normativo e dogmático.
    Confesso não ter resposta que arbitre seu texto, gostaria de saber, ou não, pois quem sabe o caminho seja o experimentar a vida, seja o caminhar mesmo.
    Pessoalmente concordo com suas assertivas.
    Do texto acho bom , abridor de portas na primeira parte e muito sucinto na segunda.
    Gostei de ler, recomendarei e encaminharei aos amigos.

    beijo

    PAZ

    Elpidio

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  4. Val querida! Sim , a sincronicidade é para todos e nos sabemos quando ela ocorre... Ousar!!! retirar os véus e conscientizarmos de quem realmente somos, nos reconhecermos como seres espirituais, Luz e Amor.

    Elpidio, caro amigo foi está a intenção de: abrir portas, meditar, refletir, acrescentar, trocar sobre o que fizemos de nós ao aceitarmos como verdade que o amor é um jogo. Um jogo provoca medo, impede-nos de vermos, respeitarmos e aceitarmos o outro como complementar, e não como um adversário, no caminhar ao Divino Ser, Uno!

    Fico feliz, querida Lidia! o caminho está aberto.

    Queridos gratíssima à vocês pelas colocações e espero de coração e alma que possamos transmutar o "medo": em paz, amor e alegria de sermos quem somos. Luz!

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  5. Realmente Zoia..o encontro de duas personalidades almas afins é banhado de energias cósmicas e quanto mais essas personalidades almas conhecem-se a si mesmas, mais harmonico, brando e caliente é esse encontro. João Tizzot.

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