Não procure no homem a resposta ao seu vazio

Os desvios da cultura moderna formatam mulheres enfraquecidas, infelizmente talvez a maioria delas, que acabam buscando fora o que não encontram em si - mas está ali, sim! - e terminam essa via sombria buscando no seu homem. Sentem um vazio gigantesco dentro do seu próprio interior, e então associam esse vazio ao preenchimento de uma força masculina. Ao doarmos aquilo que nos pertence, ficamos sem. Nosso amor vai se extinguindo de dentro de nós. E, sem percebermos, adoecemos! Nos tornamos solitárias. Culpadas!
É disso que fala esta contundente reflexão de Marcia Simões Lopes, jornalista, praticante da Cura Nativa e autora do livro "Águia Dourada Que Canta".
Márcia vai além, alertando: "Mães que manipulam seus filhos para conseguirem algo. Esposas que dão um jeitinho para driblar seus maridos. A quem pensam que estão enganando? Seus filhos, seus espelhos, recebem informações estranhas quanto à verdadeira natureza dessa energia que é o feminino, e que também é presente neles".

O Sagrado Feminino é a consciência que a mulher tem de que ela é um ser completo. Sem que percebam, muitas mulheres acabam "esticando", além do sentido verdadeiro da amizade e do amor, as suas relações com os seus namorados, com os seus maridos e amigos, e esse movimento do "esticar" traz no seu bojo a necessidade que o homem tem pela energia do feminino. Essa sutil energia de dependência do homem pela energia do feminino desencadeia na mulher, sem que ela perceba, outro tipo de dependência: sentir-se mãe do homem...
Nós, mulheres, trazemos a energia da criação, da intuição, da revelação do que está imerso e obscuro, trazemos a energia da transmutação que se manifesta em nosso próprio organismo através do ciclo menstrual. Quando menstrua, a mulher está preparando seu organismo para que nele possa ser gerada a vida. Assim é também a Mãe Terra que, por uma questão de sobrevivência, utiliza-se de sua própria inteligência para que nela seja gerada a vida. Por isso ocorrem os tremores de terra, as movimentações das placas tectônicas, pois para que a harmonia no interior da terra seja reestabelecida, é preciso que essa grande Mãe gere essa força.
A energia do feminino, presente na mulher e na Natureza, é geradora! É criadora! E tudo isso é bem diferente de ser mãe do homem. Essa dependência faz com que ela não abandone seu "filho" homem; a faz sentir-se responsável por ele. Culpada!
Uma energia que aos poucos vai minando a força do feminino, pois essa deixa de existir para dar lugar à outra energia: de dependência e medo!

Essa sutil relação de dependência cria laços fortes entre as partes e é muito presente nos relacionamentos entre homem e mulher, contribuindo para que seja minado o poder do feminino, nos levando ao afastamento do nosso próprio caminho.
E então, nos fragmentamos...
Substituímos parte da nossa natureza pelas necessidades alheias, enfraquecendo a nossa energia: o sagrado feminino... Que é a nossa totalidade. Que é a nossa completude... Nosso poder criativo e gerador...
Enfraquecidas, não nos percebemos e buscamos fora de nós - na maioria das vezes, buscamos no homem aquilo que é inerente à mulher.


Para que tenhamos de volta o que nos foi retirado, basta re-criarmos. Como faz a grande Mãe ao gerar a sua própria energia para seu renascer constante. Durante anos, estamos alimentando esse ciclo, confundindo o sentido da "necessidade" com o sentido do "prazer". Não necessitamos do homem para viver. Somos completas! Somos a força criadora, somos nós quem "gestamos" a vida. Sentimos prazer por estar com um homem. É diferente de necessitarmos dele!

Ao doarmos aquilo que nos pertence, ficamos sem - São muitas, quase todas, as mulheres que sentem um vazio enorme dentro do seu próprio interior, e então associam esse vazio ao preenchimento de uma força masculina. Uma situação típica nossa, não é mesmo? Mas esse vazio que sentimos dentro de nós é a carência do nosso próprio amor, que muitos homens levaram. Eles precisaram e, por nos sentirmos "mãe", nós doamos. E nada tivemos em troca. Porque a energia do masculino mais recebe. Pouco doa. É da sua natureza. Não se trata aqui de energias positivas e negativas, ou boas e ruins. Trata-se de conhecer a natureza de cada uma dessas energias das quais somos feitos: o Universo, e nós, seres humanos! A doação é uma manifestação do feminino. A Terra, na sua benevolência, doa seus frutos aos seus filhos. Mas, para cada doação, há um ciclo de energias que alimenta a terra e a auxilia para que seja pleno o seu próximo plantio. São as estações! Cada qual nos presenteia com um tipo de mineral, todos importantes para nosso crescimento, para a nossa saúde.
Ao doarmos aquilo que nos pertence, agindo por uma carência do outro, sem que seja aquela a estação propícia para a doação, ficamos sem. Nosso amor vai se extinguindo de dentro de nós. E, sem que percebemos, adoecemos! Nos tornamos solitárias. Nos sentimos mãe, e não, mulher! Nos afastamos do nosso sagrado feminino, que é o nosso poder pessoal. Nos afastamos de quem somos, essencialmente. E por isso mesmo nos sentimos fracas, carentes. Permanecemos, há tempos, presas a um tipo de furto que é tão imperceptível, tão sutil, que até colaboramos para que ele aconteça. Colaboramos para que levem aquilo que nos pertence: a energia do nosso sagrado feminino!
É importante que cada uma diga para si mesma: "Eu sou uma mulher completa! Eu não necessito do homem para ser feliz!"

A mulher é intuitiva. É receptiva, como a semente que germina na terra. Somos bruxas, é verdade, mas não somos manipuladoras. Nossa natureza é mágica, porém não oportunista. Vemos e ouvimos e sentimos além do que os homens podem fazer. Por nossa natureza generosa atraímos, no bom sentido, a energia do homem, carente desses atributos. Porém, há de se ter mais atenção às palavras proferidas quando falamos de nós mesmas, atenção também aos nossos atos. Enorme a quantidade de mulheres que manipulam os homens e os homens da família.

A mulher deve olhar para dentro de si. Buscar utilizar o seu enorme dom para construir. E não para manipular! Mães que manipulam seus filhos para conseguirem algo. Esposas que dão um "jeitinho" para driblar seus maridos. A quem pensam que estão enganando? Seus filhos, seus espelhos, recebem informações estranhas quanto à verdadeira natureza dessa energia que é o feminino, e que também é presente neles. É uma cadeia de falsos conceitos e de falsos valores que se perpetua há tempos, passada de geração para geração.
A responsabilidade com nossa força, com nossa energia é tão valiosa quanto a responsabilidade que temos com a vida do planeta onde vivemos.
Estar com o homem é um prazer, e não uma necessidade.
Hoje em dia, os homens, com seus discursos "feministas" são os nossos melhores professores. Pois eles são o espelho do equívoco criado a respeito do verdadeiro sentido do sagrado feminino. Refletem o estereótipo que a mulher criou a respeito de si mesma. Não bastasse eles se apropriarem desse falso conceito criado pela mulher, apresentam-se como nossos melhores e maiores aliados sendo que muitos, até mesmo falam do sagrado feminino sem que sequer tenham ou busquem dentro de si a compreensão da energia masculina, inerente à sua natureza. Como querem nos ensinar sobre o sagrado feminino, algo que é inerente à natureza da mulher?
É importante que estejamos atentas a esses homens que, além de falarem sobre o nosso sagrado feminino, se sentem apropriados a nos ensinarem sobre quem somos nós, mulheres! É importante atentar a esse fato pelo simples motivo deles refletirem, nada mais nada menos do que a máscara que a mulher criou para ela. É fundamental que possamos nos ver, para que possamos escolher outro caminho, outra forma de nos buscar e trazer para o nosso íntimo o verdadeiro sagrado feminino!

Marcia Simões Lopes
Jornalista, estudiosa e praticante da Cura Nativa, autora do livro "Águia Dourada Que Canta"
http://ma_lopes.blog.uol.com.br
ma_lopes@uol.com.br
SÃO PAULO/SP



Fotos: Edição de arte sobre imagem de www.sxc.hu

2 comentários:

  1. Muito lúcido, esclarece,organiza e aprofunda a consciência do sagrado feminino. ajuda na cura de minha alma, me faz parar refletir e mudar. Agadecida sou por ter a oportunidade de ler este conhecimento e interagir comigo e com o mundo de modo diferente.

    ResponderExcluir
  2. "Essa sutil relação de dependência cria laços fortes entre as partes e é muito presente nos relacionamentos entre homem e mulher, contribuindo para que seja minado o poder do feminino, nos levando ao afastamento do nosso próprio caminho.
    E então, nos fragmentamos..."

    Achei isso muito exato na definição! Pois é assim mesmo que nos sentimos (eu ao menos...), fragmentadas dentro de uma relação de dependências!
    Muito boa matéria!

    Ana.

    ResponderExcluir

 
Série Temática Edição Absoluta/Amores. Coordenação e Design: RICARDO MARTINS.