Sozinhos, temos uma velocidade; como um casal, temos outra

Quando estamos sozinhos, em geral as várias camadas de nosso Ser estão assentadas, dando uma confortável sensação de casa limpa. Aí chega alguém, começamos uma relação nova e a poeira levanta. Mesmo que não queiramos mudar nossa rotina e a do outro, não tem jeito! Sozinhos, temos uma velocidade; a dois, temos outra.
Juntos somos outro UM...
De autoria da
professora de Yoga, Laísa Boaventura, já publicado em nosso site e obtendo grande índice de acessos, eis o belo retrato desse momento tão especial, a chegada de uma nova criatura em nossas vidas. Cada relação, um aprendizado. Uma vivência. Uma nova faxina.

"Eu quero a sorte de um amor tranqüilo"
Me pergunto: é possível isso?!
Será possível começar uma relação sem expectativas, de forma madura, centrada, sem fantasias, sem apostas, sem esperar nada do outro? Sem visualizarmos nossos sonhos de um amor verdadeiro se realizando naquela pessoa que está ali conosco?
Quem não tem o desejo de apostar o tudo ou nada numa nova relação, jogar todas as fichas? "Dessa vez vai ou racha"; tudo bem, essa pessoa até existe, mas um dia ela sentiu o que a maioria sente. Talvez, depois de alguns encontros e desencontros, ela se tornou madura o suficiente para encarar uma nova relação de forma serena e tranqüila...
Como é delicado nos abrirmos por inteira para uma pessoa que acaba de entrar em nossa vida... e se ele não entender, não conseguir ler nossos sinais, nossas mensagens, e aí? Sozinha novamente?! Nada demais nisso, mas a frustração de mais uma tentativa... "Estava tão bem sozinha", aí chega alguém para nos ensinar alguma coisa nova e sacode várias poeiras que já estavam assentadas, o que dava uma confortável sensação de casa limpa. Cada relação, um aprendizado. Uma vivência. Uma nova faxina.
E se nós não conseguirmos ler os sinais que a outra pessoa nos envia? Quais são seus desejos? Suas vontades? Sentimentos são mais do que palavras e do que atitudes, várias coisas ainda não foram ditas e nem serão nunca, pois existem sentimentos que simplesmente não têm nome, são s-e-n-t-i-d-o-s, não serão ditos nunca, não por omissão de quem sente, mas por não conseguirmos identificá-los de verdade, por não conseguirmos nominá-los.
Não há como racionalizar o envolvimento entre duas pessoas que se sentem atraídas uma pela outra. Por mais cuidados que tenhamos ao começar uma relação, por mais que avaliemos cada passo, existe um momento em que perdemos o controle, os sentimentos nos tomam, e aí...

Aí lembro de algo que li de Mário Quintana...

Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...

Atos são pássaros engaiolados,

sentimentos são pássaros em vôo



E uma relação é feita basicamente de sentimentos, uma relação a dois só existe pelo que se sente um pelo outro, você não fica com alguém porque escolhe que aquela é a pessoa que combina com você, ou que melhor vai lhe fazer feliz, não dá para controlar... "sentimentos são pássaros em vôo"...
A melhor coisa a fazer talvez seja nos acalmar. RELAXAR. Serenar realmente os nossos corações, entender cada passo que damos em direção ao outro e cada passo que ele dá em nossa direção. Veja bem, não é controlar, é entender! Percebermos a "velocidade" dessa nova relação. Sozinhos, temos uma velocidade; como um casal, temos outra. Somos influenciados pelo outro. Sim, mesmo que não queiramos mudar as nossas rotinas e a do outro... Não tem jeito! Juntos somos outro UM, com um novo ritmo, a ser acompanhado, com adaptações a serem feitas, meio sem jeito no início, adaptando horários, situações, constatando os sentimentos que vão nascendo desse novo encontro, se entendendo dentro dessa nova energia.
Se chegar a pressa em querer que as coisas aconteçam de uma hora para outra, sente num cantinho, respire fundo e reveja todos os acontecimentos, todos os sentimentos que foram surgindo, olhares, palavras, momentos... perceba o ritmo desse novo ser. Tenha paciência e confie que o melhor sempre acontecerá.

Laísa Boaventura
Professora de Yoga
www.laiyoga.blogspot.com
laiyoga@gmail.com
SALVADOR/BA

Foto: Fernanda Toth

2 comentários:

  1. Oi Laisa!!
    Sabe, eu leio as palavras do poeta Mario Quintana e ouso declarar que só consigo enxergar atos e sentimentos contidos um no outro. Um denuncia a existência do outro, os dois se prendem e voam juntos também. Vejo assim a velocidade impressa no estar só ou como casal. Abraços Elena

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  2. Oi Elena,
    Acho que quando estamos comprometidos com nosso Eu verdadeiro, sim, nossos atos e sentimentos são um só, mas quando ainda vivemos nossas dualidades e separações internas, atos e sentimentos podem ainda estar bem distantes um do outro.
    Caminhemos para UNIÃO dos dois, para UNIÃO conosco mesmo, caminhemos para SER UM sempre.

    Caminhemos...
    bjo grande!
    Namastê!

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